sexta-feira, 12 de junho de 2009

É possível um jornalismo imparcial em prol da sociedade e não como mero produto de consumo?

Como estudante de jornalismo, algumas questões têm me preocupado constantemente, uma delas é a visão do jornalista que está sendo formado atualmente, pois, como o meu ex professor de sociologia, Luciano Magnus, coloca muito bem em suas aulas, é que o acadêmico de comunicação precisa primeiramente entender que ele não está sendo formado para o mercado de trabalho, mas para atuar na sociedade. Há uma grande diferença entre o jornalista que se prepara para o mercado de trabalho daquele que tem consciência de que o seu papel vai muito além desse mercado, que, diga-se de passagem, está abarrotado de incompetentes, com algumas raras exceções. O que, infelizmente se vê na mídia, é um amontoado de informações pouco fundamentadas, que mais confunde do que esclarece. Além disso, a parcialidade escancarada de alguns meios de comunicação têm tornado o jornalismo medíocre e sem criatividade, levando ao descrédito a empresa e toda a sua equipe jornalística. O que se vê na TV, mais parece um “control C, control V”, de outros canais. As notícias são repetitivas, cansativas, de uma mesmice que irrita a quem assiste. Assusta-me, quando ouço meus colegas da área de comunicação afirmando que não há fuga para a questão da parcialidade, é claro que eu entendo que nada pode ser completamente imparcial, no jornalismo, o subjetivo é latente, mas, sinceramente, aceitar certas imposições chega a ser ridículo e vergonhoso para a classe. Enfrentar 04 anos de academia, sacrificando tempo e dinheiro em nome de uma profissão amada, para no final ser transformado em uma peça a ser manipulada pelo poder, realmente é desmotivador. Sujeitar a sua própria inteligência e capacidade de crítica aos limites impostos pela indústria cultural que te impede raciocinar por si mesmo, é lamentável! E não estou falando somente do jornalista, mas também da opinião pública que está sendo formada a partir do acesso a esse tipo de jornalismo, o formador de opinião não é só o repórter, o apresentador da TV, o jornalista que escreve a matéria, mas, quem vê e repassa essas informações transmitidas pela mídia. Daí a grande importância (e é possível), de um jornalismo rico, culto, motivador, esclarecido, que se atenha à verdade dos fatos, que vá mais fundo na pesquisa, além do “control C control V”, e faça a diferença! E não simplesmente tenha a função de narcotizar o seu público em prol da ideologia de alguns grupos.


Por Mary Paes