Grupo de Teatro Imagem & Cia - Cenas do Espetáculo Estátuas Vivas no Caminho da Paixão - apresentado no mês de abril 2009, na Praça Floriano Peixoto em Macapá/AP
Certa vez, participando de um curso de Motivação, muito comuns nas empresas atuais, o consultor nos falou: “senhores, não tenham medo do ridículo, pois só é sucesso aquele que não tem medo do ridículo”. Desde lá fiquei pensando a qual ridículo ele estaria se referindo. Na época o seu exemplo foi de um médico renomado na cidade de São Paulo e que nas horas vagas, vestia-se de palhaço e animava as festas dos amigos, partindo disso formou uma trupe e posteriormente, uma empresa de animações que hoje fatura muito dinheiro.
Não vejo em que o fato de vestir-se de palhaço torna uma pessoa ridícula. Mas, por certo, na cabeça de muita gente, o artista que não possui fama nas mídias de massa, é visto de uma maneira depreciativa. Principalmente por aqueles que se acham a “elite”. Falo sobre isso com propriedade porque faço parte de um grupo de teatro que por enquanto, é pequeno e pouco conhecido, por trabalhar mais frequentemente nos bastidores, tenho observado as atitudes das pessoas em algumas das nossas apresentações. É imensamente gratificante ver e ouvir o encantamento e palavras de algumas pessoas que nos incentivam a continuar com a arte, e nestes casos, confesso sentir-me orgulhosa e motivada a estar sempre melhorando, não apenas na área profissional, mas como ser humano que sou. Porém, em contraste com o encantamento de alguns, está a ignorância de outros, e não pensem vocês que esta ignorância vem daqueles que a sociedade julga “menos favorecidos” seja de estudo ou de bens materiais! Não, meus senhores! Esta ignorância vem na sua grande maioria, daqueles que sentem-se acima de seus semelhantes, “os endinheirados”, acadêmicos, intelectuais de fachada, patricinhas e mauricinhos. Estas pessoas não têm consciência de que elas é que se tornam ridículas, apontando o artista com o dedo e gargalhando ironicamente enquanto fazem comentários desagradáveis com os colegas, mais idiotas ainda. É lamentável presenciar cenas tão decadentes de uma juventude que em pleno século XXI ainda não é capaz de pelo menos respeitar o universo das artes. Digo, pelo menos respeitar, porque ninguém é obrigado a gostar de todos os tipos de arte, mas o respeito é devido a qualquer área profissional. Não posso deixar passar em branco, um Sarau que aconteceu no Shopping Macapá, no dia 26 de junho/09, enquanto a banda tocava, uma artista muito querida estava tentando animar os presentes dançando e pulando graciosamente, o que para nós era belo, para as apreciadoras da mesa ao lado, onde inclusive estava uma jornalista, a cena era ridícula, ficaram rindo e comentando aquele momento, de forma esnobe e cínica. É deprimente constatar que, às vezes, de nada vale uma pessoa passar 04 anos numa universidade para continuar sendo uma ignorante incontestável.
Neste dia tive certeza de que a fineza vem da simplicidade, enquanto que a ignorância está explícita nos atos dos que se julgam “finos”.
Por Mary Paes em 07/07/2009