La Antena é uma fábula distópica em que os habitantes de uma cidade fictícia perderam a voz há duas décadas. Ninguém fala ou emite som algum. As pessoas alimentam-se de TV, literal e metaforicamente, e sua voz serve de matéria-prima para a indústria do Sr. TV, cuja corporação monopoliza os canais de comunicação da cidade. Uma famosa cantora conhecida como "A Voz" é a única pessoa que ainda pode falar. O vilão, porem, pretende agora usar a cantora para roubar as palavras das pessoas, para usá-las como matéria prima de seus produtos. O objetivo é, também, aumentar definitivamente o consumo dos produtos TV. Mas ele não contava que, com a ajuda de uma família de ex-empregados seus, uma “segunda voz” entrasse em cena.
O viés do enredo é fantástico, mas a fábula não nos é estranha. Esteban Sapír edifica uma distopia, tal como em 1984 e Admirável Mundo Novo, de um mundo bem contemporâneo e real: Um mundo onde a massificação das ideias a partir da propaganda, o controle da população e a alienação à mídia constroem um Estado autoritário que disciplina, pela força da informação, a conduta dos seus cidadãos, reprimindo todo o tipo de pensamento livre. Em A Antena, o Sr. T.V. representa a autoridade absoluta da cidade e os heróis que conseguem desviar-se da alienação são Tomás, a "segunda voz", e a família que o ajuda.
No filme, há diversas referências a grandes clássicos do cinema como Metropolis (1927), de Fritz Lang, Spellbound (1945) e Viagem à lua (1902), de George Mèliés. A produção paga tributo também ao cinema de vanguarda de Marcel Duchamp (Anémic Cinema, 1926) e Dziga Vertov (O Homem com a Câmera, 1929). La Antena é um exemplo de filme que mostra que a estética muda não foi invalidada pelo tempo, trabalhando ideias perturbadoras e atualíssimas na forma de um thriller envolvente, fantástico e interessante.
SÁBADO - 18H30 - ESPAÇO CAOS
Av.: Procópio Rola, 1572 - entre professor Tostes e Manoel Eudóxio - Bairro Santa Rita.