segunda-feira, 5 de março de 2012

Espetáculo Novo Amapá abre a programação de aniversário do Teatro das Bacabeiras


Amanhã, 6 de março, o espetáculo NOVO AMAPÁ abre a programação de Aniversário (22 anos) do Teatro das Bacabeiras. (Apresentação sem fins lucrativos, pois o teatro trocará os ingressos por alimentos não perecíveis).

A peça NOVO AMAPÁ apresentada em 2012 pela parceria do GRUPO EURECA e CIA SUPERNOVA é olhar artístico e poético sobre o maior naufrágio fluvial da história brasileira. 

O acidente ocorreu no dia 6 de janeiro de 1981 no Rio Cajarí (proximidades da fronteira entre o Estado do Amapá e Pará) quando a embarcação homônima ao espetáculo naufragou deixando mais de 600 vítimas. A montagem é baseada no texto TRISTE JANEIRO do jovem ator e dramaturgo JOCA MONTEIRO que através de poemas homenageia todos os envolvidos naquele acontecimento.

A encenação fica sob a direção de ELDER DE PAULA que para este espetáculo trabalha com jovens atores vindos de oficinas teatrais desenvolvidas pelo GRUPO EURECA e CIA SUPERNOVA no decorrer do ano de 2011. MARINA BECKMAN assina a produção enquanto PAULO ROCHA faz a direção de arte. Além da poesia, a peça recebe influências da dança e do teatro físico; conta ainda com inserção de vídeos e é construída por meio de diversos processos de experimentações artísticas coletivas. Na peça o público tem contato com os sonhos e encantos da infância onde o "puc puc puc" do barquinho de miriti dá ao homem o prazer da libertação e as águas tornam-se a porta para descobertas e anseios de "palmo a palmo" conquistar mundo. 

Na luta por este sonho, o homem se torna coisa, carga, engrenagem de um sistema mecânico que o explora de todas as formas e nos acontecimentos mais corriqueiros. Apesar de condicionado à exploração, o homem não perde a sua essência humana, sofre os amores e as perdas, mas não submerge a esperança por dias melhores. 

O lirismo do texto é observado durante toda a peça e se destaca em dois momentos: ao abordar a morte, tem-se o foco narrativo vindo de uma criança; e como homenagem explícita a todos que de algum modo foram tocados por aquele sinistro, em um tom quase de epílogo, o eu lírico evoca diversos herois: em sua maioria anônimos que prestaram socorro às vitimas, mas que nunca foram reconhecidos por estes atos de humanidade. "No peito dos que amam Fica a saudade"

Texto: Paulo Rocha