Somente uma pessoa com a sensibilidade de Josias Monteiro poderia ter escrito um texto tão poético sobre uma tragédia que machucou profundamente tantas pessoas...
Pessoas que perderam seus entes queridos, seus amigos, seus vizinhos... e tantas outras que choraram por aqueles que nunca viram, mesmo assim compartilharam da mesma dor ...
Uma dor que inundou toda uma cidade de lágrimas.
O texto Triste Janeiro se transformou num espetáculo histórico para todos os amapaenses. O Teatro estava lotado. Todos queriam ver o "Novo Amapá". Numa quinta feira, em que o céu chorou, em forma de chuva.
Uma linguagem leve, mas carregada de significados. Palavras suaves que gritam dentro de nós, como um pedido de acalento, um lamento que se move pelas células da gente, como as ondas do rio-mar, e nos arrepia...
Uma doce declaração de amor, sublime como a brisa ao cair da tarde! Um manifesto de saudade eterna! Mas não se engane!! Este lamento clama por um olhar de justiça para os que ficaram... sobrevivendo à falta que não cessa!!
Essa voz exalta o carinho daquela mãe que ignora sua própria dor pelos filhos que perdeu... e aconchega em seus braços os filhos que não são seus.
Louva a compaixão de muitos que se doaram, mesmo estando também em pedaços.
Eleva a compaixão dos heróis. .. que não buscavam glórias, mas vontade de amenizar o que era demais até para eles mesmos!
Quem são eles? Alguém os conhece? Um ou outro é lembrado, mas eram muitos...
Quem dera também a dor morresse, se esvaísse junto com o tempo que passa... Mas a dor fica... tem vida própria... não é esquecida!
A poesia grita, protesta pelo descaso, um grito de alerta, um pedido de cuidado! Que nunca mais aconteça... que nunca mais nestas águas que banham esta terra de azul, outras vidas se percam, outros corações pereçam!!
Aqueles que se foram agora são anjos... Estão ao lado de Deus!
Aquele foi um triste janeiro. Assim me contou o texto do poeta Joca Monteiro.
Texto por Mary Paes
Fotos por Maksuel Martins-estreia do espetáculo Novo Amapá no dia 19.01.2012