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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raulzito encarnou no Sílvio Neto durante a Viagem à Anarkilópolis


Foto: Aog Rocha


Por Jéssica Alves

Seja ele um gênio, um louco, um satânico, um revolucionário ou o pai o rock, Raul Seixas é de fato o maior representante da sociedade alternativa brasileira, através da música contemporânea. Seu estilo totalmente atemporal, criativo, poético, entre tantos outros adjetivos possui o poder de tocar gente de toda idade, de toda cor e credo. Ou até mesmo os que não crêem em nada.

Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que reivindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada no álbum “Gita” (1974), influenciado por figuras como o místico inglês Aleister Crowley.

No dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, morria o mais aclamado roqueiro do Brasil, vítima de uma pancreatite, ocorrida por anos de abuso de álcool. E o eterno Maluco Beleza, que há 22 anos terminava sua jornada no mundo da música, deixa saudades. Passaram - se duas décadas de sua partida e ainda conquista muitos fãs que nem viveram a sua época, mas cantam suas músicas. Em todo o Brasil, anualmente, em meados de agosto, são realizados tributos para homenageá-lo.

Em Macapá, terra de diversos ritmos, também há espaço para celebrar Raul Seixas. E o espetáculo ocorreu no dia 23 deste mês, no Sesc Centro, pelo projeto Botequim, que nessa noite, cedeu espaço para o tremor e peso do rock. Os responsáveis pelo tributo foram Silvio Carneiro (Sílvio Neto) e a banda Tio Zé, que realizaram “Uma Viagem à Anarkilópolis”.

Quando se fala em cover ou tributo, a primeira impressão que se tem é de mera reprodução musical, cheias de imitações e saudosismos. Mas quem foi contemplar o show de Silvio Carneiro e a banda Tio Zé, pode sentir a essência dessa viagem musical.

Impecável


Foto: Maksuel Martins

O público que lotou o Sesc Centro naquela noite de terça-feira, pode sentir a atmosfera mística e contestadora, tudo a ver com a obra de Raul. O famoso pedido “Toca Raul”, ecoado e todo o país em shows e festivais de rock, nem foi necessário.

A impecável apresentação, com destaque para o showman da noite, Silvio, que além de interpretar as canções com a técnica vocal parecida com o Raul, praticamente incorporou a alma maluca beleza do baiano, fazendo uma presença de palco marcante, o que agradou ao público.
Mais do que simplesmente interpretar, Silvio transpareceu aos presentes o que sentia ao reproduzir cada nota nas obras de Raul Seixas. Com autenticidade e irreverência, alem da competência da banda, ele de fato fez um diferencial em homenagear seu ídolo. Além das canções, as intervenções de Silvio explicando o contextos foram válidas para o show. 

 Foto: Maksuel Martins

A resposta do público foi um anarquismo verdadeiramente rock and roll, que especialmente na execução de “Sociedade Alternativa”, fez estremecer o pequeno espaço comportado do Sesc Centro.
A energia deixada pela “Viagem a Anarkilópolis” carimbou mais uma vez, a um público já convencido disso, de que a obra de Raul Seixas não é qualquer coisa. Ela deixa sua marca, que é tão profunda que fica difícil apagar. Uma identidade roqueira que foi repassada através de uma homenagem digna.