Mostrando postagens com marcador Luciano Magnus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Luciano Magnus. Mostrar todas as postagens

domingo, 22 de maio de 2011

O jornalista e a responsabilidade do registro

Depois da palestra ministrada pelo antropólogo Luciano Magnus Araújo, na última sexta-feira, no Auditório do MIS, fiquei refletindo sobre as provocações colocadas por ele durante toda a sua apresentação.

 Luciano Magnus Araújo (professor Ms.)

Provocações, argumentos, reflexões... 

No contexto museológico, a pergunta sobre o que merece ser guardado no tempo soa complexa demais para alcançar uma resposta. É evidente que o objetivo da palestra não era obter respostas, mas levar o público a refletir sobre as provocações apresentadas e instigá-lo a questionar a significância daquilo que é válido ser guardado no tempo, seja material ou imaterial.  

Magnus exemplificou sua colocação dizendo: “Caberia uma memória sobre a história do rádio no estado do Amapá?”, ele deixa a pergunta no ar e depois argumenta “...nós somos os agentes desse registro, dessa experiência memorialística.” Estas argumentações feitas pelo palestrante manifestava, sutilmente, sua idéia de Museu muito além do espaço Institucional,  e do objeto meramente histórico. Em certo momento, ele chegou a questionar sobre qual o significado de uma escultura de um século remoto para as gerações atuais e as do futuro. 

Eu entendi a provocação como uma necessidade de se estudar os significados das memórias de um objeto sob a guarda de um Museu,  para que sua história traga significâncias para a geração do presente e do futuro, e não seja apenas um mero objeto guardado no tempo, do qual não se sabe a origem ou a finalidade. Se estende a isso, no meu entendimento, a necessidade de que este aprendizado, possa ser multiplicado como parte da educação de um povo. Porém, alguns dos presentes não assimilaram da mesma forma que eu, e  talvez, este tenha sido o momento mais polêmico de toda a extensa retórica do antropólogo. 
 
Infelizmente aqueles que se posicionaram  contra as argumentações de Magnus, fizeram isso nos bastidores, entre poucas pessoas, deixando de compartilhar suas idéias com o público presente. Estas pessoas poderiam ter exposto seus argumentos no debate, e assim, enriquecido ainda mais a discussão.  Coincidentemente, Magnus havia mencionado sobre os indivíduos que guardam seus conhecimentos e argumentações para si,  deixando de contribuir com o coletivo, isso, na opinião dele, é um erro.   



E coletivo foi uma das palavras-chave do palestrante: “... eu penso a força de um coletivo, irradiando idéias, conhecimentos, argumentando uns com os outros.” e fez questão de ressaltar várias vezes, a responsabilidade do jornalista na propagação do conhecimento, em documentar a história, não apenas resgatar o passado, mas principalmente registrar o presente. “... falta essa idéia de documentar a vida, o cotidiano das pessoas, aquilo que traga significados para a realidade local”. Arrematou Magnus. 

Especificamente, sobre esta colocação, eu como acadêmica de jornalismo, em pesquisas acessíveis ao público geral, percebo que a história registrada caminha por um viés político. Os eventos que de algum modo tenham ou tiveram  vínculos políticos ao longo do tempo, estão em maior evidência. Há poucos registros históricos sobre o que chamamos hoje de underground, ou culturas alternativas das épocas passadas. Talvez porque eram poucos os recursos técnicos, de produção e divulgação, o que obviamente, não vale como desculpa para os jornalistas atuais.  

Senhor José Maria, presente na palestra, fez questão de dar seu depoimento: "Eu passei a ter uma nova visão sobre a necessidade de se preservar a memória, não só preservar, mas discutir esses processos históricos e seus significados para a realidade atual e para o futuro."



A presença do público, em sua maioria, jornalistas e acadêmicos do curso de jornalismo, contribuiu enormemente para o sucesso da palestra. 

A equipe agradece.

Por Mary Paes




quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quais atributos definem o que é válido ser guardado no tempo?

Clique para ampliar


Compondo a programação do MIS-AP para a 9ª Semana nacional de Museus, o professor Ms. Luciano Magnus (UNIFAP) ministrará instigante palestra para discutir as complexidades que se apresentam na atuação de museus no século XXI.
Argumento da palestra do prof. Ms. Luciano Magnus:

Em tempo quando preocupações sobre perdas e permanências a respeito de processos e elementos sócio-culturais parecem se fortalecer, é importante pensar o que vem a ser isso que repercute no contexto do memorialístico e patrimonial.

Pensar é fazer referências, fontes essas que estão no tempo, que influenciam e provocam a memória a pensar não somente até onde essa rememoração alcança, mas igualmente pensar sobre com quais atributos se define o estatuto do que é válido ser guardado no tempo, mas como pensar suas relações com o presente atualizado do que fica e é revivido, mas igualmente suas relações com o futuro. É nesse contexto que se situa a natureza da inquietação do recorte do tema presente.

Se forem validas perguntas pedagógicas e provocadoras: É possível pensar uma memória (enquanto conceito e processo) que guarda em suas dinâmicas discursos pertinentes sobre/ para o futuro? O museu seria o lugar-tempo desses recortes discursivos em concorrência com as narrativas do cotidiano? Uma possibilidade de pensar representações do passado no futuro seria atualizações no presente, coisa que os museus teriam condições de realizar? Diante dessas provocações, vamos refletindo a natureza do que permanece, fica e passa, tendo o espaço museológico esse campo de análise.

Estas e outras provocações, nesta sexta-feira, 20/05, no auditório do MIS (Museu da Imagem e do Som), segundo piso do Teatro das Bacabeiras, às 19h.