quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Funeral da Esperança

Ai como incomoda essa falta... De verdades, esse branco, esse nada!
Como incomoda esse silêncio... Esses disfarces... Essas caras sem alma!

Ai como incomodam esses discursos... As palmas, o palanque, o bis...
Esse nada vai mudar! Esse desperdício... De atenção a coisas inúteis!

Incomoda... Essa conspiração... Mentiras?? Interesses?? Favores??
Incomodam os sorrisos... Falsos, irônicos, insensatos...

Ai como incomoda esse tapinha nas costas, esse aperto de mãos... Essa mesmice!!!
Essa cara de pau!!!

Como incomoda essa falsidade mútua... Cara a cara, olho no olho!!!
O personagem de herói!! E a sua plateia!!!

Esse mundo de faz de contas...
Como incomoda o comodismo... A alienação, o medo, o silêncio, as vítimas...

Incomoda a realidade... A pompa exibida por poucos,
contrastando com a prostituta na esquina, o cheira cola na sarjeta,
a criança dormindo sobre o papelão, o prato vazio, o caderno em branco!!!!
O funeral da esperança!
Por Mary Paes (poema com direitos autorais reservados)